Mau jornalismo
Columbia Journalism School
Conforme o acadêmico Michael Schudson, professor da Escola de Jornalismo da Universidade Columbia, "um jornalista responsável não produz notícias falsas, nem notícias exageradas ou notícias corrompidas. Não subordina o relato honesto à coerência ideológica ou ao ativismo político. Não tenta agradar anunciantes ou se ajustar aos interesses comerciais do veículo — nem às preferências do público."
Logo, o mau jornalismo — e também toda a gama de inverdades e mentiras do universo da desinformação — é contrário disso tudo. Abaixo, a lista das principais deficiências associadas à apuração, edição e publicações de informações factuais:
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Ausência de correções
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Ausência de sinalização entre notícia, análise e opinião
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Ausência do canal do leitor
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Plágio e falta de creditação
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Ativistas que não respeitam protocolos jornalísticos ao reportarem fatos
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Conflitos de interesse
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Dois chapéus: repórter e assessor de imprensa
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Sobre este tipo específico de conflito de interesse, o jornalista e acadêmico
Eugênio Bucci dedicou um capítulo do livro A Imprensa e o Dever da Liberdade,
em que critica o Código de Ética da Fenaj, a Federação Nacional dos Jornalistas,
por permitir o exercício dos dois ofícios:
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Editora Contexto/Reprodução
A profissão de jornalista tem como cliente o cidadão, o leitor, o telespectador. Nesse sentido, o jornalista se obriga — em virtude da qualidade do que vai oferecer — a ouvir, por exemplo, lados distintos que tenham participação numa mesma história. Ouvir todos os envolvidos, buscar a verdade, fazer as perguntas mais incômodas para as suas fontes em nome da busca da verdade é um dever de todo o jornalista.
O assessor de imprensa, cuja atividade, eu repito, é digna, necessária, ética e legítima, tem como cliente não o cidadão, não o leitor, mas quem o emprega ou aquele que contrata os seus serviços. O que o assessor procura, com toda a legitimidade, é veicular a mensagem que interessa àquele que é o seu cliente, àquele que o contrata, e não há nada de errado com isso. É um ofício igualmente digno, mas não é jornalismo. A distinção entre os dois clientes estabelece uma distinção que corta de cima a baixo os dois fazeres.
A fragilidade econômica dos meios de comunicação hoje é preocupante e, às vezes, leva organizações jornalísticas respeitadas a preferir cliques à consciência — mas jornalistas podem manter (e em geral o fazem) uma feroz lealdade a seus grandes ideais, e essa é uma força da qual seus inimigos não podem escapar." Quando o presidente Trump chamou a grande imprensa de 'inimiga do povo', muitos jornalistas reagiram com um esforço redobrado para cobrá-lo por suas palavras e seus atos. O jornalismo profissional em geral aprende rápido. É um 'primeiro rascunho' da história, não a última palavra. Mas é o inimigo do orgulho, da pompa e da ignorância, e, portanto, um bom amigo do povo.
Incluída no artigo Como saber se uma notícia é falsa, publicada pela revista Columbia Journalism Review, traduzida pela Revista de Jornalismo ESPM e republicada pelo Observatório da Imprensa, a afirmação de Schudson vai direto ao ponto: um jornalista honesto e competente erra, mas segue estritamente uma série de procedimentos de apuração e edição para evitar erros, omissões e exageros. E quando erra, um bom jornalista e, por extensão o veículo em que trabalha, assumem o erro e se desculpam logo que o percebem.
Em outras palavras, o bom jornalismo segue protocolos jornalísticos, os mesmos consolidados no sistema de indicadores de credibilidade linkar.
Argumenta Schudson: